O descaso com o Arco Metropolitano: Visão dos Motoristas

Pessoas que transitam pela BR-493 relatam situações que viveram ao longo da Rodovia

Por Igor Celso, Lucas Ferreira, Lucas Meireles e Matheus Brito

Professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que preferiu não ser identificado, afirmou que já sofreu uma tentativa de atentado no Arco Metropolitano (Foto: Arquivo pessoal)

Inaugurada em 2014, a Rodovia Raphael de Almeida Magalhães, mais conhecida como Arco Metropolitano, foi construída com o intuito de facilitar a vida de motoristas e caminhoneiros. Porém, os problemas de infraestrutura e a insegurança tem dificultado para quem necessita atravessar a via.
De acordo com dados fornecidos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, a expectativa era de que cerca de 30 mil veículos utilizassem diariamente o Arco Metropolitano. Contudo, atualmente apenas metade deste número trafega pela via expressa.

“É uma via nem um pouco segura, eu já tive aula em períodos noturnos e eu me senti super desconfortável tendo que voltar sozinha porque é totalmente escuro”

Como Seropédica é um dos municípios atravessado pela Rodovia, muitos estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) utilizam o Arco no caminho entre suas respectivas cidades e as aulas. Uma delas é aluna do curso de Engenharia de Alimentos, Joice Aguiar, 20. Para a jovem, que residem em Nova Iguaçu, a via expressa foi benéfica, porém a falta de segurança torna o trajeto perigoso.

“Eu já estou usando o Arco tem dois anos. Acho que o projeto do Arco foi muito interessante, tem uma estrutura boa e bastante potencial. É uma via muito importante que facilitou bastante pra gente, porque antes ou eu tinha que vir pela Estrada de Madureira, que é um caminho longo, ou tinha que pagar o pedágio vindo pela Dutra, então para nós estudantes foi muito bom. Ela é uma via nem um pouco segura, eu já tive aula em períodos noturnos e eu me senti super desconfortável tendo que voltar sozinha porque é totalmente escuro no trecho que você pega de Seropédica até a Dutra e muito pouco sinalizado. Antigamente, quando eu comecei a utilizar a via, tinha mais segurança, via carros da polícia e inclusive já até fui parada diversas vezes, e eu me sentia mais segura durante o dia, porém sempre achei que a noite era abandonada de verdade”, disse Joice

O aluno de Engenharia Agrícola e Ambiental, Igor Nunes, 23, sofreu as consequências da ausência de policiamento. O estudante da Universidade Rural relatou já ter sofrido duas tentativas de assalto e ver um arrastão enquanto transitava pela Via.

“A primeira deles em 2015, um carro todo escuro encostou do meu lado, abaixou o vidro, encostou a arma e mandou encostar, sendo que mais na frente tinha blitz. Aí eles frearam o carro e voltaram na contra mão. A segunda vez foi até na semana passada (30), havia uma moto no meio da pista, na altura de uma curva muito fechada e também pessoas no mato, encapuzadas, forçando a parada de veículos. Presenciei também arrastão, que foi só uma vez, mas meus amigos também já viram. Nessa vez eu fui obrigado a voltar na contramão, deu tempo de voltar e nada aconteceu. Eu estava indo sentido Magé e quando contornei percebi que tinha algo errado mais à frente, quando olhei, consegui ver as pessoas armadas na pista, tive que voltar até Seropédica pela contramão”, contou Igor.

“É um local com pouco movimento e a iluminação é muito ruim. À noite, é quase 100% escuro”

Um dos motivos que mais contribuem para o aumento da sensação de insegurança ao longo do Arco Metropolitano é falta de iluminação. Devido aos furtos de placas solares, a maior parte dos postes não funciona, com um prejuízo estimado de 44 milhões de reais do Estado.
Segundo a aluna de Medicina Veterinária, Andressa Pontes, 20, a situação fica muito complicado para quem está dirigindo ou mora próximo ao Arco Metropolitano.

“É um local com pouco movimento e a iluminação é muito ruim. À noite, é quase 100% escuro. Os postes, que são de energia solar não estão funcionando, muitas placas foram roubadas, então fica muito difícil pro motorista”, explicou Andressa.

Outro risco para os motoristas são as faltas de saídas e alças de apoio. Para se chegar a Seropédica via Arco Metropolitano, por exemplo, é necessário dirigir por aproximadamente 2,5 km a mais ou utilizar um trecho irregular já próximo da Antiga Rio-São Paulo. A aluna do curso de Educação Física, Grazi Chagas, 30, por pouco não sofreu um acidente por conta de usar o retorno improvisado.

“Falta o braço de saída na BR, o que causa vários acidentes. Ninguém quer fazer o retorno principalmente à noite. Segurança zero, mal iluminado, sem manutenção da estrada. Eu já sofri dois acidentes de carro, um por buraco enorme na curva de acesso à Dutra e outro por causa dessa falta do braço, fui descer naquela rampa improvisada e havia chovido, derrapei e precisei ser guinchada, quase capotei”, afirmou Grazi.

Perigo para os caminhoneiros

Caminhão utilizado por Rafael Cruz para o trabalho (Foto: Arquivo pessoal)

Uma das justificavas do governo do estado para a construção da Rodovia Raphael de Almeida Magalhães era de que a via baratearia os custos com o frete de mercadorias. O Arco Metropolitano tem sido efetivo na economia de tempo, porém, não são raras a notícias de roubos de cargo ao longo da via. O caminheiro Rafael Cruz, 28, que costuma utilizar frequentemente a estrada entre Itaguaí e a entrada da Rodovia Presidente Dutra, contou sobre sua experiência com o Arco. Confira a entrevista abaixo: